Personalidades da Ciência - Dorothy Hodgkin

13/10/2019

Escrito por Jéssica Bellotto Werlang

Dorothy Crowfoot Hodgkin, nascida em 1910, foi uma química britânica que liderou o grupo de pesquisa responsável por decifrar a estrutura molecular de moléculas importantes biologicamente como a penicilina, a vitamina B12 e a insulina. Foi vencedora do Nobel de Química em 1964, a terceira mulher a ser laureada com o prêmio na área.

         Vida e início da carreira

Dorothy nasceu em Cairo, onde seu pai trabalhava no Serviço Nacional de Educação do Egito. Ela foi educada pela mãe, que a incentivava a investigar as coisas por conta própria. Posteriormente, passou a frequentar uma escola mista, onde ela e outra garota obtiveram permissão para assistirem as aulas de química com os meninos. Ao terminar a escola, ela já tinha decidido estudar química na universidade. Esse interesse também foi fomentado pelo Dr. A. F. Joseph, um amigo de seus pais que a presenteou com um kit de análises químicas.

Após muito estudo com tutores e duas reprovações, Dorothy foi aceita como aluna de química na Universidade de Oxford em 1928. No entanto, as mulheres eram proibidas de assistir determinadas palestras como forma de "preservar" as virtudes femininas e não causar distração no público masculino.

No quarto ano do curso, era preciso concluir uma um projeto com um supervisor e ao descobrir que o Departamento de Mineralogia havia comprado um tubo de raio X com câmera e nomeado Herbert Powell para operar o equipamento, Dorothy passa a ser sua primeira orientanda. Antes de iniciar o quarto ano, Dorothy vai a Alemanha e ganha experiência na técnica de cristalografia, que consiste no estudo da estrutura interna de um sólido cristalino. Ao retornar a Inglaterra, inicia sua pesquisa.

A técnica de cristalografia de raio X consiste em bombardear o cristal com um feixe de raio X, e da mesma forma que a luz visível forma sombras, os raios X também formam sombras, que são analisadas usando-se de fotografia e equações matemáticas e permitem descobrir a forma do cristal. Dorothy publicou um artigo em colaboração com Powell em que utilizou essa técnica para determinar a estrutura de compostos químicos.

Após se formar, Dorothy inicia seus estudos em Cambridge sob orientação de John Desmond Bernal, conhecido por tratar muito bem os alunos e incentivar a presença de mulheres no laboratório. Ali, estuda a cristalografia de raios X em proteínas. Em 1933, ela aceita uma proposta para ser pesquisadora associada de Oxford, cargo em que permanecerá pelo resto de sua vida. Em 1937, conhece o historiador Thomas Hodgkins, com quem posteriormente se casa e tem três filhos.

         Suas várias descobertas de estruturas

Após o sucesso de uma de suas publicações, a comunidade científica sugere que o método pode ser utilizado para descobrir estruturas de moléculas complexas, como a penicilina. A penicilina foi o primeiro antibiótico a ser descoberto, em um trabalho de Alexander Fleming. Entretanto, foi produzida e utilizada em testes clínicos somente dez anos depois, quando sua eficácia em combater infecções foi comprovada. Porém a demanda era alta e essa produção era difícil, e o desconhecimento da fórmula e da estrutura do composto dificultou mais ainda. Nesse contexto, Dorothy se junta ao grupo de pesquisa da penicilina e em 1945 declara que encontrou a estrutura da molécula, o que permitiu que a indústria farmacêutica desenvolvesse uma enorme variedade de versões semissintéticas da penicilina, possibilitando que a droga fosse adaptada para fins específicos.

Então, Dorothy se dedica aos cristais da vitamina B12, essencial para o sistema nervoso e para a produção de glóbulos vermelhos, e de insulina. Em 1964, foi anunciada como única vencedora do Prêmio Nobel de Química, pelo seu trabalho com a penicilina e com a vitamina B12.

Somente em 1969, depois de 34 anos de trabalho, a estrutura da insulina foi solucionada. Dorothy se aposenta em 1977, devido ao agravamento dos sintomas de artrite reumatoide, uma doença inflamatória que acomete as articulações. Em 29 de julho de 1994, Dorothy Hodgkin falece em sua casa, deixando um legado de contribuições para a ciência.

A ciência também é feita por mulheres. A história de Dorothy Hodgkin nos permite refletir sobre como o papel da mulher na sociedade está em constante mudança. Apesar de já termos percorrido um longo caminho de melhorias, o sexismo ainda é uma realidade na sociedade atual. O lugar da mulher é onde ela quiser, incluindo a bancada de experimentos.


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O projeto Personalidades da Ciência, criado no Vidya Academics, visa a divulgação da contribuição de pesquisadores e pesquisadoras de todas as nacionalidades, contando um pouco sobre suas vidas pessoais e suas carreiras. Com essas histórias, queremos inspirar os leitores e trazer discussões relevantes para os dias atuais!

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Fontes:

PRADO, L. do. Dorothy Hodgkin e seus estudos cristalográficos sobre a estrutura da penicilina. História da Ciência e Ensino (2018). Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/hcensino/article/view/36762> Acesso em: 01/09/2019

Dorothy Crowfoot Hodgkin - Biographical. NobelPrize.org. Nobel Media AB 2019. Sun. Disponível em: <https://www.nobelprize.org/prizes/chemistry/1964/hodgkin/biographical/ > Acesso em: 01/09/2019

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