Personalidades da Ciência - Barbara McClintock

30/09/2019

Escrito por Jéssica Bellotto Werlang

Barbara McClintock foi uma geneticista e botânica estadunidense que descobriu os ementos de transposição, ou genes saltitantes. Por essa descoberta, ganhou o Prêmio Nobel de Medicina em 1983, a única mulher a receber o prêmio sozinha nessa categoria. Além disso, também realizou estudos sobre a importância dos telômeros.

Vida e início da carreira

Nascida em 1902, na cidade de Hartford, McClintock era filha de imigrantes britânicos. Foi uma criança independente e curiosa, desde cedo já demonstrando seu interesse pela ciência. Ao terminar o Ensino Médio e a contragosto de sua mãe, que desejava que ela se casasse, decidiu estudar biologia na Universidade de Cornell e obteve apoio de seu pai, que era médico. Naquela época, as mulheres não podiam se formar em genética, portanto ela obteve um bacharel em Botânica.

Em sua pós-graduação, ela passou a trabalhar com a análise genética do milho: fez o primeiro mapa genético do vegetal e mostrou a importância dos telômeros (a porção final dos cromossomos) para a divisão celular. Depois de um período na Alemanha, ela retornou para a Universidade de Cornell, mas descobriu que ela não seria contratada como professora por ser mulher. A Fundação Rockefeller financiou sua pesquisa em Cornell até que ela foi contratada pela Universidade de Missouri. Em 1941, ela foi trabalhar no Laboratório Cold Spring Harbor, em Nova Iorque, onde passou o resto de sua carreira.

A descoberta dos transposons

Nos anos 40, realizando experimentos com a variação de cor dos grãos de milho, descobriu que o material genético não era estático. Ela isolou dois genes que chamou de "elementos de controle", que regulavam genes responsáveis ​​pela pigmentação e eram capazes de se mover ao longo do cromossomo para um local diferente. Essa "migração" afetava o comportamento dos genes vizinhos. McClintock então sugeriu que esses elementos transponíveis causavam mudanças na pigmentação e em outras características do milho ao se inserirem em locais diferentes.

Esses resultados eram completamente inovadores e colocavam em cheque o conceito do DNA como sendo estático, e por isso sua descoberta não foi muito bem aceita. Por acreditar que ninguém levaria seus resultados a sério, ela parou de publicá-los e de dar palestras, embora continuasse com a pesquisa. O reconhecimento chegou apenas no final da década de 60 e nos anos 70, quando outros cientistas encontraram elementos transponíveis em bactérias e descobriram que eles são utilizados universalmente pelas células para controlar genes. Em 1983, ela foi laureada com o Prêmio Nobel de Medicina, 39 anos após a sua descoberta.

Barbara McClintock morreu em 2 de setembro de 1992, devido a causas naturais.

Os elementos transponíveis descobertos por McClintock existem em humanos e inclusive podem causar doenças e mutações no código genético ao se inserirem em um sítio cromossômico. A história dessa pesquisadora que estudava a genética do milho demonstra a importância da ciência básica em trazer descobertas inusitadas e importantes, e a resistência da comunidade científica da época a se desfazer de conceitos passados e errôneos.


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Fontes:

MARASCIULO, Marília. Quem foi Barbara McClintock, uma das maiores geneticistas da História. Revista Galileu, 2019. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2019/06/quem-foi-barbara-mcclintock-uma-das-maiores-geneticistas-da-historia.html> Acesso em: 01/09/2019

Barbara McClintock e a descoberta do DNA saltitante. Grupo Genera, 2019. Disponível em: <https://www.genera.com.br/barbara-mcclintock-e-a-descoberta-do-dna-saltitante/> Acesso em: 01/09/2019

VERONEZI, Giovana Maria Breda. Celebrando Barbara McClintock - Na vida da mulher que quebrou paradigmas no campo da genética. Ciência pelos olhos delas, 2018. Disponível em: <https://www.blogs.unicamp.br/cienciapelosolhosdelas/2018/03/01/celebrando-barbara-mcclintock-na-vida-da-mulher-que-quebrou-paradigmas-no-campo-da-genetica/> Acesso em: 01/09/2019

Barbara McClintock. Encyclopaedia Britannica, 2019. Disponível em: <https://www.britannica.com/biography/Barbara-McClintock> Acesso em: 01/09/2019

KOLATA, Gina. Dr. Barbara McClintock, 90, Gene Research Pioneer, Dies. The New York Times, Nova Iorque, 4 de set. de 1992. Disponível em: <https://www.nytimes.com/1992/09/04/us/dr-barbara-mcclintock-90-gene-research-pioneer-dies.html> Acesso em: 01/09/2019


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